Querido eu:
se você estivesse aqui
veria as bundas das meninas
que postam seus sorrisos no Facebook
a carne jovem de Waimea
e a carne gorda de Waimea
nas lentes gordas de Waimea
Meu velho eu
isso aqui no verão deve ser muito mais farofa
mesmo que estar sendo e ter sido
se igualem na lente comilona
a lente que guarda pra depois
aquilo que não come hoje
Meu bróder eu
enquanto não criam a telepresença
rimo o requebro de Elvis Presley
que tinha uma casa aqui em frente
às ondas gordas quebrando anônimas
e às sirenes paranoicas do North Shore
(você já está mais pra lá do que pra cá, dizem)
Um gordo de bigode com seu detector de metais
vasculha tesouros na areia e os guarda no bolso
Um magrelo de cabelo branco, junkie de cristal
zanza de bike com uma cacatua branca no ombro
quando passam por mim, o pássaro abre as asas
Há quem guarde conchas, quem colecione nuvens
eu só queria me guardar praquela havaiana
mas não acho conexão, meu velho eu
estou superconectado à praia
me engordando de lembranças
Se eu fosse eu
se o sol fosse outro sol
se o sal uma bala de prata
Trabalhamos pro amanhã, meu querido
subindo mais e mais eus para a Nuvem
imagens que jamais veremos de novo
o dia em que você foi mais feliz
e mandou um joinha pra você mesmo
insistindo em clicar usando flash
pra se revelar depois uma sombra
– estive em Waimea e lembrei de mim
e de todos os dias em que morri
This is the way the world ends
Not with a bang but a burp
Que bunda tinha aquela havaiana, caro eu
pena que não fotografei