“Cinco meses depois, já instalada outra vez na Inglaterra, Liz Norton recebeu pelo correio um presente de seu amigo alemão. Se tratava, como é fácil adivinhar, de outra novela de Archimboldi. Leu, gostou, procurou na biblioteca de sua faculdade mais livros do alemão de nome italiano e encontrou dois: um deles era o que havia lido em Berlim, o outro era Bitzius. A leitura deste último sim a fez sair correndo. No pátio quadriculado chovia, o céu quadriculado parecia o rito de um robô ou de um deus feito à nossa semelhança, no gramado do parque as oblíquas gotas de chuva deslizavam até abaixo mas o mesmo poderia ter significado que deslizavam até acima, depois as oblíquas (gotas) se convertiam em circulares (gotas) que eram tragadas pela terra que sustentava o gramado, o gramado e a terra pareciam falar, não, falar não, discutir, e suas palavras inteligíveis eram como teias de aranha cristalizadas ou brevíssimos vômitos cristalizados, um rangido somente audível, como se Norton em lugar de chá aquela tarde houvesse bebido uma infusão de peyote.”
Roberto Bolaño, 2666
ó o mano…
ou duas.
excessivamente quadriculado, assim houve um dia em minha vida, meus olhos vendo através de um vitrô. Esse dia me acarretou por meses a fora aquela fresca sensação de chovisco, tudo chovia, gotejava, molhava-me … as letras escorriam do livro para meu colo e pensamentos formavam gotas emormes!