Estava recolhendo frases sobre o que aconteceu em Londrina, durante o Londrix, e ao mesmo tempo reunindo anotações para o MMM, quando me deu vontade de googlar um termo que uso no romance, ostranenie, palavra-fetiche do meu personagem Fabrizio Fabrizzianni, algo assemelhado a estranhamento, mas um estranho que fosse familiar, parente do unheimlich freudiano [do Sigmund, não do Godoy] e então o estranho, por familiar, surgiu no oráculo da rede: um poema do poeta/tradutor/editor londrinense Rodrigo Garcia Lopes. Um dos grandes especialistas brasucas na beat generation, Rodrigo traz em seu blog excelentes traduções de poemas tão obscuros quanto belos da santíssima trindade Kerouac-Burroughs-Ginsberg, além de coisas dele, claro. As notas ficaram pra mais tarde – o poema meio que resume tudo. Assim é inaugurada outra seção-impostura.
OSTRANENIE, a road poem
Pego nessa estranha lógica do mundo
Peço carona para a família de malucos
Que tem como hobbies mais esdrúxulos
Não contar as horas, só contar os cucos,
Trocar beijos como quem troca socos,
Praguejar como um bando de marujos
E tomar na cara achando que é soluço.
Perguntam a meu nariz se estamos juntos
Rasuram paisagens, comem presunto,
Depois falam falam falam como loucos
Até ficarem sem voz e sem assunto.
Desço, em algum antigo vilarejo russo.
[RGL]