Despenco de Londrina, terra roxa de letras vagais e vogais abertas, de escritores que jogam beisebol com o microfone, de pombas roqueiras que te abençoam a testa na hora da avemaria, de sinucas cujas caçapas escondem portais para bem organizados inferninhos, de subreptícias naraleoas de dedos leves ao gatilho de uma Nikon… e caio no fog de SP, à espera da fogueira do trampo; mas espere, antes, o tapete me voa as boas vindas: antes da chave na porta, o livro no envelope. E que maravilha é começar a primavera com demônios descontentes arrepiando a epiderme, que foderosa é a lente de invento dessa garota. No primeiro livro da poeta carioca de 22 anos que chega chegando, na maior, maioral:
Situação
to dormindo no lodo/ da vala confortável onde dormem/ os apaixonados/
e lambendo sabão de cachorro/ sorrindo, e sentindo cheiro de maçã/ onde não tem
chamando os amigos pra almoçar/ e deixando a comida esfriar/ pra falar de você.
Ela é demais, é demais, é demais. Volto a falar depois aqui, estou zureta ainda, acordei às 13 horas de ontem, chuvas, terras roxas, montanhas pretas e cervejas e cafés idem destrambelharam minha cabeça. Mas anote: A fila sem fim dos demônios descontentes [7Letras] é o livro de poesia de 2006. No credes, Johnny? Tome essa:
A Novíssima Literatura
você quer um dia/ ser estudado/ numa sala de aula qualquer/ por uma turma de pirralhos/ que vão zoar suas roupas hoje modernas/ falar que o que você escreveu é chato pra caralho/ fazer chifrinho na sua foto/ interrogação.
queira morrer antes/ comendo caramelos/ a estranha paixão de Hitler/ por caramelos.
Bruna Beber lança seu bebê aos bebuns bañana, no Boteco Belmonte, às 20h [Jardim Botânico 671 Rio], go, go, go, babe, go.
Beber rocks.