Elas tocam hoje de novo. Se eu pudesse, iria outra vez. Mas não estou podendo. Elas sim. Estão podendo tudo. Elas inventaram um som. Sim, nada pode ser parecido com o que faz CocoRosie. Tudo bem, eu já conhecia os três CDs, Noah’s ark, La maison de mon rêve, Beautiful boyz. Ao vivo, porém, mesmo que muito semelhante à sonoridade dos álbuns, tem a performance… um baixista seguro e quietão; um rapper judeu com uma máscara besta; um rapper preto [o francês MC Spleen, excelente, que a certa altura vai ser quase comido vivo por uma das moçoilas] – essa é a cozinha que domina do folk ao hiphop, passando por… house [?!]. No telão, nuvens, frases soltas como La mer est calme e números de solo da Nadia Comaneci… E a certa altura, rolou um inacreditável trenzinho…
[Falar em folk… como é que nego cai nesse caô de neofolk? Menas, meu povo. Tocar violão e cantar docemente “Jesus loves me” não faz de uma menina de look largado uma candidata a Joan Baez. Vamos prestar atenção aê, periodistas. Tem tanto folk quanto blues quanto ópera quanto rap quanto bossanova quanto música clássica árabe nesse som. E, porra, nenhum jornalistazinho tem criatividade suficiente pra inventar um rótulo que não comece com “neo”?]
Ah, Sierra… larga o fanho Devendra, let’s swim to the moon, climb up the tides com seu vocalise surreal, seu umbigo hipnótico, seu chapéu de marinheiro e suas calças semibaggy… Sierra Rose é provavelmente a mulher mais sexy de semibaggy no planeta [seus parentes dizem que, em criança, ela desenvolveu a capacidade de carregar seu corpo de eletricidade a partir de raios, e, assistindo aquele ondular de umbigo, eu não duvido]. É também provavelmente a mulher mais diabólica a dedilhar uma harpa, sem falar que arrisca uns passinhos de b-girl, oh fuck me. Sua irmã, Bianca, o u Red Bone Slim [a que semienrabou o MC negão], não fica atrás em seu estilo vidaloka de ser. Embora de registros semelhantes, são estilos diversos – Sierra às vezes puxa para seu lado de diva operística, Bianca é mais rítmica, mais hiphop [o primeiro álbum das meninas é de rap].
O canto é o centro desse som, e além, o sussurro, com doçura, mas também com fúria. Lembrei da mesma sensação hippie pós-show do Flaming Lips ano passado, e também de um show do Cocteau Twins em 1989, no finado Projeto SP… os modernos d’antanho sentados no chão do circo, concentrados nos trinados sutis de Liz Frazier, no mesmo silêncio extasiado que a platéia do The Week, ontem. A velha história de que um murmúrio pode soar mais alto que um grito. Vai por mim, ao vivo e a cores você sente que a atmosfera de filme de Tim Burton, a delicada precisão de timbres e o senso muito peculiar de composição da dupla não é coisa de produtor: é mantido e recriado com intensidade. Mágico como se da caixinha de música na sua mão de repente as bailarinas saíssem para dançar com você. E uma delas tem um umbigo tão psicodélico que parecem dois. Você precisa disso.
gamô
cabeçudo!
eu também amei o show, de chorar.essa história de ‘neo-folk’ não pega nem o ritmo nem a atmosfera e nem pegada nenhuma a coisa. agora vamos ver que outra grande coisa eu mostro pra você, hein, sr. jornal.
besos e tiau cabeçudo!
ops, ‘pegada nenhuma DA coisa’
ai, ela tava de camiseta, nao vimos o UMBIGO. e silêncio porra nenhuma, nego não parava de falar bibibi, bobobó. é o mal da platéia paulistana. ó dgoga.
Você não viu, mas eu tava do lado do palco e vi, hahahaha
RB
Ha! Eu fui nesse do Cocteau Twins no Projeto SP! No Cocorosie também:
http://www.lost.art.br/cocorosie.htm
abrazos,
ig
não gostei de vocês porque são inuteis
DEMAIS
CHATOS E BREGAS………….