
Os cabos no quarto de despejos
são cobras em busca de conexão
perdida, de uma tomada elétrica
ou um plugue que as ressuscite
As cobras no quarto de desprezos
são feras que gemem, amargas:
onde as máquinas de antanho?
onde os gadgets do meu sertão?
As feras no quarto de espelhos
são plástico, cobre, fibra óptica,
aço, alumínio, borracha e vidro
enrolados em um sonho tétrico
em que transmitem a mensagem
capital, a narrativa dos desejos
perdidos outra vez para sempre
quando, sub-reptício, fecho a porta.
simplesmente encantado com o poema, tão certeiro.