Você se situa na beira do mundo
E eu, na cratera de um vulcão extinto;
E em pé à sombra da porta,
Perfilam palavras cujas letras se perderam.
Lagarta adormecida que a lua ilumina,
Peixinhos que chovem do firmamento,
E do lado de fora da janela
Soldados de espírito decidido.
Numa cadeira à beira-mar, Kafka
Pensa no pêndulo que move o mundo.
O ciclo espiritual se completa,
E da esfinge que não vai a lugar algum
A sombra em faca se transforma
E trespassa seus sonhos.
Os dedos da menina que se afogou
Tateiam e buscam a pedra da entrada.
Ela arregaça a barra do vestido azul
E contempla Kafka à beira-mar.
De Kafka à beira-mar, Haruki Murakami
murakami é sensacional – pena que demoram demais pra lançar os livros dele por aqui. são muito poucos perto da obra dele, e bem atrasados em relação aos originais
É o primeiro que li, na verdade. Gostei muito, mas poderia ser um pouco mais editado… Agora, esse poema é sobrenatural de bonito.
beijo
RB
leia ‘Norwegian Wood’. é muito foda.
abraço