Um aquário explode e tudo vira água. Não marés, água
jorrando sobre o chão, corpos se sacodem sem ser peixes
sem ser nada. Desejaste caos e desejaste os limites arrasados. Este aquário perde contenção
e o que foi algo agora é resto, reminiscência: o jogo
de caixas chinesas acaba e o mundo dentro de outro
e de si se apaga. Caos: ausência
de um mundo que te sustente. Narrar então o quê. Não há processo, não haverá
rebeldia que enfrente nada. Plantas antes eretas perdem boscosidade, corpos são despojados
de qualquer potestade, um mundo dentro de outro e assim. Amaste a ausência de fronteiras,
sem contar que só se vê nada. Apenas um metrônomo sustenta este sistema, a mínima alteração e tremem: cascalho, criaturas aterrorizadas, teus dedos. Presenciaste a queda
de uma pedra que é sistema. Ínfimas irrupções do movimento inesperado. Este peixe
marca seu território e nele todo o possível, enquanto há fronteira. Sonhas um
mundo dentro de outro e assim se levanta cascalho, marés, uma sombra almiscarada.
O jogo de caixas chinesas uma na outra e sim, a história:
um limite que te contenha. Mesmo assim se oferece o último sorriso
ao desconhecido que nos admirou, cuida-se da temperatura ou do controle
dos filtros. Algum mundo nos compreende, uma na outra e assim, o sonho,
tua história. Buscaste a irrupção da desordem do sistema para queimar teus olhos
vendo nada? Não há tempestade. Nem lugar heróico: um mundo atrás de outro:
destruir teu aquário e destruir
a tua presença na água.
Poema de Andi Nachón, poeta argentina de 37 anos. Traduzidos por Anibal Cristobo e Carlito Azevedo, os versos estão na Azougue Saque/Dádiva, que traz ainda Hermano Vianna, Ronaldo Lemos, Antônio Risério, Paulo Sacramento, Jorge Mautner, Jerome Rothenberg e Hakim Bey, entre outros.
é com i, andi.
http://laseleccionesafectivas.blogspot.com/2006/06/andi-nachon.html
ela é linda. comprei um livro dela esses dias, “goa”. e é lindo. saludos desde argentina.
erica gonzales…humm…abraço.
Caramba,que poema!
E eu que ainda não conhecia,tentarei encontrar mais coisas dessa escritora.
hola, gracias por haber publicado ese poemita mío.
beso desde aquí, an