Juan García Madero, Amadeo Salvatierra, Perla Avilés, Laura Jáuregui, Fabio Ernesto Logiacomo, Luis Sebastián Rosado, Alberto Moore, Carlos Monsiváis, Pele Divina, Angélica Font, Manuel Maples Arce, Barbara Patterson, Joaquín Font, Jacinto Requena, María Font, Auxílio Lacouture, Joaquín Vásquez Amaral, Lisandro Morales, Rafael Barrios, Felipe Müller, Simone Darrieux, Hipólito Garcés, Roberto Rosas, Sofía Pellegrini, Michel Bulteau, Mary Watson, Alain Lebert, Norman Bolzman, Heimito Künst, María Font, José “Urubu” Colina, Verónica Volkow, Afonso Pérez Camarga, Hugo Montero, Xóchitl García, Abel Romero, Edith Oster, Xosé Lendoiro, Daniel Grossman, Susana Puig, Guillem Piña, Jaume Planells, Iñaki Echavarne, Aurelio Baca, Pere Ordoñez, Julio Martinez, Pablo del Valle, Marco Antonio Palacios, Hernando García León, Pelayo Barrendoáin, Clara Cabeza, Maria Teresa Solsona Ribot, Jacobo Urenda, Ernesto García Grajales* não podem estar errados: Os detetives selvagens [tradução impecável de Eduardo Brandão] é um dos cinco melhores lançamentos do ano.
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*Narradores do romance de 622 páginas de Roberto Bolaño, lançado em 1998, protagonizado pelos fantasmas real-visceralistas Arturo Belano [talvez o próprio Bolaño], Ulises Lima e Cesárea Tinajero.
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A coluna dominical de certo bege editor-executivo – não vou citar nome pra não ficar dando cartaz – dois meses atrás referiu Os detetives selvagens como “bom exemplo” de romance experimentalista que “não exagera na experimentação, pois, como a de Joyce, sua literatura tem furor narrativo, interessada especialmente nas histórias que correm dentro das cabeças de seus personagens; e, apesar dos longos parágrafos e das numerosas citações, a pontuação é ortodoxa e há nexo entre os acontecimentos e só no final é que a forma de diário e alguns desenhos são usados”.
Ou seja: é possível falar mal de um livro que se pretende elogiar – basta não o ler [o diário já aparece logo no início do livro, porra!]. Ou seja: o editor bege entende que o livro tem qualidades por ser “ortodoxo” e apresentar “nexo entre os acontecimentos” – veja só o nível. Nisso que dá ficar falando de qualquer assunto – política, futebol, arte, comportamento, sungas e xongas – com solene otoridade: acaba-se falando solene e meiabocamente de qualquer coisa.
O bege editor não tem dó e segue: “Mas o livro é muito extenso [mas que preguiça, hein?], e chega uma hora em que não queremos mais saber das picuinhas do meio intelectual mexicano, tão provinciano como o brasileiro, em que os escritores parecem ter optado por esse ofício por sua incapacidade para a vida real, sua dificuldade de praticar esportes e conquistar mulheres. E fazem, com exceções, uma literatura de recalque”.
Difícil saber a quem se refere o jornalista, já que [talvez, como eu, pra não dar cartaz] omitiu os nomes dos autores brasileiros sexual e esportivamente desajustados [terá apurado pessoalmente?]. E difícil engolir tamanha desqualificação de um editor [assistido por milhares de leitores dominicais] que se propõe a ver num dos grandes livros da literatura hispânica recente apenas “picuinhas provincianas” – será que, tão contaminado pelo “jornalismo literário”, não sacou se tratar de mero romance de ficção, cazzo?
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Nós, abaixo-assinados, real-visceralistas de escol, não temos a menor idéia do que seja literatura experimentalista “de bom gosto”. Temos incapacidade crônica para ler resenhas vendidas na cor bege.
Não obstante todos os reparos que se possa fazer ao dito cujo, creio que sei a quem ele se refere… aliás, penso em dois nomes umbilicalmente ligados, cujas obras cabem na descrição do colunista. Mas também me reservo o direito de não dizê-los, mesmo porque um deles é chegadíssimo nesse negócio ($$$) de processar quem discorda dele…(rsrsrs)
É um bom negócio, esse, né? Escreve mal, lê mal, aí, depois que toma pau, processa… “Um escritor deve parecer um censor, os mais velhos nos disseram, e seguimos essa flor de pensamento até suas últimas conseqüências […]. Quisemos, nalguma dobradura perdida do passado, ser leões e somos tão-somente gatos castrados”, escreve certo crítico, no romance de Bolaño…
abraz
RB
Muito bom, meu velho. Abraço.
Realmente infeliz o comentário do Piza. Os detetives selvagens de Bolaño é o melhor livro lançado em 2006. Um clássico recém-nascido.
Eu li “Os Detetives”, “Noturno”, e estou lendo “Putas Assassinas”.Vamos ser sinceros, o comentarista bege, tão visceralmente pintado nesta coluna, tem um pouco de razão. Nós deste canto de merda do mundo tendemos a iconizar heróis, principalmente durante a fase de vacas magras gerais pela qual passamos, sobretudo no campo de produção intelectual (ou intelequitual, como diz o Millôr). Bolaño é bom, causa enlevo,( o que no final das contas é a única coisa que interessa num romance), mas não faz parte da melhor produção ficcional do momento: alicerçada no incansável Philip Roth, Nooteboom, Franzer, Pynchon. Mesmo Garcia Márquez não escreveu nada de bom depois do “Amor nos Tempos do Cólera”. É bom termos Bolaño, mas genializá-lo, sendo que seu devido lugar é junto dos escritores de 2° como kerouac e Updike,é uma amostra dos claros sintomas de medianidade crônica que estamos passando desde o desaparecimento de Cortázar.
Leia de novo, Charlles. Sim, agora com os óculos.
E leia também 2666. Leia tudo de Bolaño que encontrar.
Depois volte aqui para se desculpar pelas asneiras escritas.
abraço
RB
Vou continuar lendo Bolaño,Faker. E sempre com os óculos. Pena que ainda não o 2666, que não foi traduzido. Se é asneira discordar-me de você, não vai ser usando essa sua boina ridícula que vai fazer meu gosto e o tamanho de minha orelha se compactuar a seus padrões elevados.( Você não esperava que eu fossa aceitar a sua curtição com a minha cara com impassível cavalheirismo, né!). Mas, devo confessar que foi com grata surpresa que vi a sua resposta imediata ( tu não dorme não?), como uma voz vinda de um longo ano de espera. Me fez lembrar de Joseph Bródski falando que em sua juventude, em São Petersburgo, era normal brigas violentas entre o populacho, divididos pela apreciação apaixonada por Faulkner e hemingway. Bolaño é bom, isso não é o bastante.À propósito, vê se lê algo melhor: sugiro “Against the day”. Outro abraço.